Um,dois,três ... gravando ...
Ela sangrou a morte,com faca de aço.
Triscou o chão,num ódio tão grande,qual trovão relampejante.
A alma doía.
O corpo tremia,convulsivo.
Por quê,ele?
Menino bom,generoso,trabalhador,estudioso ...
Ali,em meio à calçada,baleado.
Quando ouviu os tiros,saiu da cozinha de faca em punho,porque destrinchava a galinha,comida preferida dele.
E ali,sem vida,um corpo despertava curiosos,amigos,inimigos ...talvez ... quem poderia ter feito a barbaridade?
Vítima!
Negro da periferia.
E o Mundo ficou pequeno,mediante tanto ódio.
Ela se agigantou,grunhiu feito porco do mato.
Depois,foi amiudando,amiudando,encolhendo na dor.
Qual ela,tantas Marias-das-Dores.
Qual ele,quantos Joãos-de-Deus,desamparados socialmente,marginalizados em detrimento da cor,da pobreza ...
Esse sonhava ser doutor.
Pois,sim.
Negro de periferia,carimbado,sempre foi.
(Ou é passador,ladrão,viciado,avião ou devedor...)
Uma voz ecoou:- Eu vi!
- Milico à paisana.
- Na pressão,mano!
E ninguém entendeu nadica de nada.
Todo mundo pagava pedágio,por ali.
E Jãnzinhobão se foi.
De dia,trabalhava pesado,de noite,sorvia livros,escrevia no escuro,até.
Sonhava,sorria e dizia,que seria doutor.
Mas Joãozinhobão se foi.
Com ele,a alma da mãe.
O recado foi bem dado pra toda comunidade.
Tata Junq
*** De quebra um som!
#músicatudodebom
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