quinta-feira, 6 de setembro de 2018

DOR-ME-TANGE.

                                                      ( Caras & Bocas da Tata Junq)

Não adormece.
(A dor.)
Nem envelhece.
E tolhe.
E ceifa.
Vampiriza.

Assim,
acontece.

Tata Junq

Pensamentando ...Espelho que espelhas,espelho.

                                                    ( Caras & Bocas da Tata Junq)
Um sopro!

Nascemos.
Morremos.
Como o vento?
Creio que não.

No tempo de nascer,construído foi um ser ligado noutro.
( Filho & Mãe.)
No tempo do morrer,ambos são livres fisicamente.
E há ou houve, um crescer gradativo,emocional e físico.
Uma vida,construída ou a construir,numa grande missão,escolar.
Quem é o professor de quem?!

Vida,é espelho.
Vê-se quem quer.
Espelha-se,quem quer.

Imagem.

E há um dia,da imagem desaparecer.
E no aparece e esconde,todos,sem exceção,não refletirão mais,num tempo qualquer.
( Que nem se sabe,quem o quer.)

O que há por traz do espelho?

Tata Junq
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E,lembrei de Cecília Meireles e seu fantástico poema.
Minha poetisa preferida.

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Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face?
Cecília Meireles , Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.