( Imagem via Google.)
Meu amor é doce.
Meu olhar,amargo.
Minha boca,
cerrada.
Minha alma,
esquecida no armário,
dobrada.
Mofada.
Se houvesse sentido,
no varal estaria,
a desfraldar ao vento,
lavada.
(Trancafiada.)
Que há sentido,
se sentido for,
sendo sem sentido?
Ahhhh ... o leilão da dor!
Quem há de dar,por ela,
valor?!
Tata Junq
* Quando criar faz sentido.
( Desenho,via Google.)
De boca entreaberta,surpresa.
Vi o que teria de ser visto.
O cão morto,atropelado.
O motorista,desolado.
O ciclista,gritava: - Desalmado,irresponsável!
Na verdade, a cadela Laila.
O motociclista,desviou,no meio fio,evitando passar por cima dela.
O garoto gritava sem parar...
Uma confusão generalizada.
Laila,todas as manhãs,acompanhava o André pela ciclovia.
( Diziam.)
Ainda não entendi o quê e como aconteceu ...
Como foi lançada na Avenida?
Não tenho idéia lógica.
Laila agonizou e paralisou movimentos convulsivos.
Uma judieira só!
Começo minha manhã,vivendo o dia-a-dia da cidade grande,louca e apressadamente gritante.
Um grito de dor,quebrou minha concentração,no trânsito.
Lembrei-me,forçosamente,que viver e morrer,é convivência,nada estranha.
Ao chegar no trabalho,ligo à Silvia,minha secretária do lar, pra saber se Juca está bem e Tuca,também.
( Meu filho de sangue e filha de patas.)
Bateu-me uma insegurança e aperto no peito.
Perdas nos fazem alertas.
Alertas,apertam presenças,necessárias e discernimentos no que diz respeito,à conciliação de trabalho necessário e família.
E quis ter tempo pra ver minha avó,hoje num asilo.
Uma comparação ridícula,diriam ...
Mas como Laila,ela foi minha escudeira,na infância e adolescência.
E me deu uma tristeza profunda.
Tenho errado?
Esse sabor de débitos,hoje,calou fundo.
* Roberta Campos
( Uma Alma Feminina.)
Do Projeto,Uma Alma Feminina. / Por: Tata Junq
* Nome fictício.

( Imagem via Google.)
Maria queria somente um abraço e um chá bem quente.
Fazia muito frio.
Um longo inverno,quente como o inferno!
Queimava o corpo,a alma e o escambau.
Queimava ainda seus neurônios,fumando um charuto encontrado na gaveta.
Mário havia deixado lá.
A solidão dava-lhe nós no estômago.
Entre morrer ou nascer,pedia ao Poderoso clemência.
A consciência pesava a tal ponto,das pernas ficarem travadas.
Ela chorou lágrimas de fel.
E seu cinzento cérebro,encheu-se de sangue.
Tombou.
Os abutres invadiram aquela varanda,naquela tarde vazia.
(Questão de sobrevivência.)
Com gosto,pedaços,em pedaços miúdos.
Contam aqui na redondeza,que a assassina mereceu seu fim.
Era suspeita da morte do amante.
Como fora suspeita da morte do primeiro e segundo marido.
Viúva Negra ... e suas armadilhas.
Ninguém quis recolher os ossos.
Ninguém ousa pisar nas proximidades da chácara ...
O bate-línguas me contou.
Eu?
Registro.
Este é meu papel,com o papel e a máquina de escrever,das antigas.
E estico um olhar curioso e confesso,que receoso,estou hospedada numa pousada não muito distante,da chácara mencionada.
Celular?
To num mundo,sem fios.
E lampiões,fazem o espaço,mágico.
Respiramos o ar fresco da madrugada,dum outono,entre tantas prosas,risadas,enigmas,uns chás,licores ... tudo aqui é diferente e singelo.
A noite,uma criança,que abriga adultos,que aqui vieram,em busca de entenderem a vida.
Pra entender,nada como saber e conceber qualquer morte.
* Roberta Sanches.
( Uma Alma Feminina.)
Do Projeto,Uma Alma Feminina. / Por: Tata Junq
* Nome,fictício.)