( - Professora Denise- papodaprofessoradenise.com.br // Direito autoral da imagem.)
Imagem via Google para efeito de ilustração.
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Pela fresta,o vento e o espreitamento.
Uma janela que não toco.
Grande,rústica.
Lá fora,o negro frágil,açoitado.
E dói minha carne e minh'alma,também.
Eu choro.
Não descerei a escadaria,nem visitarei às escondidas a senzala.
Certamente,Mãe Candinha chora na cozinha,remexendo os caldeirões,pro dia de amanhã.
Há estrelas no céu,nesta noite quente,que parece não ter fim.
Minha lamparina está apagada.
O Sr Barão sequer pode imaginar,que estou acordada.
Implicará e começará com seus sermões e recomendações.
Mamãe deve estar embalando meu irmãozinho,depois de amamentá-lo.
Tem leite em abundância e está feliz por isso.
Minha mãe é parideira.
Sou a primogênita.
Eu tive minha ama de leite,a Zumira,que já se foi pra terra do São Nunca.
E tenho o Candoca,meu meio irmão,filho dela e do Sr meu pai,que daqui fugiu e nunca mais vi.
Eu bem que queria ir com ele.
Minha vida é estreita,como essa fresta.
Só me alegro quando vejo o sorriso de Mariquinha,minha irmãzinha de 4 anos.
Parece um anjinho,caído do céu.
Tem um brilho mágico no olhar.
Um dia,crescerá e irá pra Europa,como eu,prometida em casamento.
Noite turbulenta,que parece não ter fim.
Baús prontos.
Candinha ajeitou tudo,com muitas lágrimas.
Como saberia de mim,se não sabia ler,nem escrever?
Eu sentirei sua falta,sempre foi minha confidente.
E,não terei seu colo,quando me sentir perdida ...
Assim será.
Traçado foi meu destino.
Uma Alma Feminina,
Constança.
( De um relicário.)
Quando CRIAR faz parte. Por Tata Junq.
Em:10/12/2019
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