Quisera acordar-te , do túmulo de seu silêncio ... mas morres a cada dia ...
A vida é um "mata-borrão" de lágrimas , cansadas.
Comove-te de ti!
Abrange alegrias , faze de conta , que também morri ...
Liberta-te das entranhas , das promessas , de gozos fugidios ...
Anda na "ponte", que te leve a um caminho-novo.
Colha flores, e entrega-me-as , sem saudades , de dias , mortos no tempo , partilhados.
Vive!
Eu viverei aqui , ali , acolá , sem devaneios , sem ilusões , sem passadismos ...
Abro caminhos ainda inóspitos , nado nos mares-do-mundo , navego nas paisagens semi encobertas dos rios-das-almas.
Morri hoje , para ressurgir amanhã!
Asas ligeiras , corpo emplumado , ave-passageira!
Livreeeeee ...!!!!
Tata Junq
PRETO NO BRANCO!
* Onde está você, Maria Rita?
Subindo as ladeiras da favela, na contra-mão, na mão-de-bandidos?
Um dia Maria Rita acordou num barraco, sem mesmo ter noção ... e um homem a espreitava, com olhos ardentes de desejos. Ofereceu-lhe a quentura de seu corpo ávido por devorá-la e uns papelotes a mais ... Ela atordoada ainda, desejou os papelotes ...
E consumiu novamente o ácido misturado, lixo-do-lixo.
Crackelou legal, e viajou nos segundos que lhe coube, mais uma vez.
Que importava àquele homem, ser ela uma sapata? Queria a fruta e comeria até o caroço.
Sei mais dela não, nem a vejo na praça.
Sei que a Ritinha cresceu na marra, nas ruas.
Tem ou tinha, olhos infinitamente azuis, que se destacam ...ou, destacavam, na palidez de sua brancura.
De onde veio? Para onde foi?
Mais uma criança que se fêz mulher e que optou por amar mulheres.
Seus olhos perdiam doçura e faiscavam, quando falava de seu padrasto e de sua mãe e de quantas vezes fora violentada por ele.
Um dia fugiu da desgraça e desgraçou-se mesmo assim.
Amortece suas dores, cheira cola, fuma crack ...
Onde foi parar Maria Rita?
Sei não!
Dedo num gatilho, dedo na ferida, dedo apontando o mal : * SISTEMA INOPERANTE!
Cuidadores das ruas ... Conselhos Tutelares, famílias????
...
Onde Maria Rita?
ONDE, MARIAS-TODAS???!!!!
Tata Junq
Minha Primavera, chove flores.
Teria de ser diferente?
Comovente?
Tudo rima na mente ...
E, clama amores ...
Mas acima de tudo, verseja, rimante, a chuva das dores ...e escorrem, belas, sôfregas!
Uma a uma, antíteses, belas-flores!
E, mesmo assim rimantes, perpetuantes, imprudentes, talvez.
Primaverantes, belos cheiros-escorridos e úmidos, de amor ... de saudoso amor.
Tata Junq
