segunda-feira, 13 de julho de 2020

Pensamentando "cá com meus botões" ... Pés!


A imagem pode conter: 1 pessoa, óculos e close-up

Em meio ao meio,somando metades.
Olho a estrada,vazia de vazios.
Onde chegar?
Falta uma parte.
Da estrada,dos pés.
Assim qualquer jornada-vida.
Pés,que fincam ao solo,sem justificativas para ir-se em frente.
Pés,que abandonaram estrada,sem poderem seguir adiante.
Pés cautelosos,precisos,marcando passos.
Pés descalços,almas libertas.
Pés calçados e feridos.
Pés cansados.
Pés malogrados.
Pés indecisos ...
...
Galgamos estradas.
Vezes,sem tocar chão,tal qual cavalos-alados,sonhadores.

Parimos alegrias em chegadas.
Parimos dores,em abandonos.

Lacramos motivos,conveniências,em caixas.
Depositamos,nas matas,desconfortos.
Nas flores,sorrisos bobos.
Nos templos, motivos toscos.

Mas nossos pés,caminham,cheios de propósitos,ou sem eles.
Guiados ou emancipados.
Caminham ...

E ...não há enganos,quando diminuem-se as marchas.
E ... não há enganos,quando  já estão sós.
Só ... somente,sós.

E não há de se ter na velhice,cansaços ...mas cautelas no chão ainda a pisar.
Não há como chutar cascalhos e sorrir em aventuras.
Talvez tantos,precisem do auxílio de bengalas,andadores ... ou descansos em cadeiras-aladas, guiadas por outros pés.

Comove-me o andar limitado dos idosos ... suas curvaturas esqueléticas,as faltas dos equilíbrios ...
E lembro-me de um idoso amigo,que varria todos os dias sua calçada,e fazia caminhadas frequentes pelo bairro.
Era admirado.
Um amigo,que recolheu seus pés,desta estrada,terrena.
E,pego-me a varrer as folhas deitadas ao chão,diariamente.
E começo a sentir o peso dos pés cansados,as torturas das tonturas,das dores articulares ...
É!
Envelheci.
Não há caminhar confuso ... nem livre.
Um tempo de provações,que nos impede de caminhar literalmente pelas ruas.
Um período pandêmico,que parece não ter fim.

Hoje,mais que nunca,todos os passos são medidos e coibidos.
Tolheu-se a liberdade do ir e vir.

Meus pés doem,sem sequer caminharem nas ruas.
Minha alma não dói,sente.
Percebo,quantos pés ficaram no tempo,distantes e continuarão ... porque é bem isso a jornada desta vida,um vai-vem e escolhas.Idas,voltas,retomadas,ou caminhadas,escolhidas pelos livres arbítrios,justos,creio.
Sempre afirmamos, que o ser humano é um ser social.
Mas há de se convir,que há um tempo de se caminhar só.
Uma caminhada interior,sem pés alheios.
Envelhecer,dá-nos essa vantagem,quando a lucidez ainda nos acompanha,claro.
Caminhar,percorrer por nossa estrada interna,ainda realizando descobertas ...e,ou enfrentando desafios.
E aí lembrei-me de uma conversa com amiga,falamos das pessoas dependentes de cuidados ...e lembramos de um amigo que dizia ser a velhice,feia.
Neste prisma,não dá pra romantizar.
É feia!
Bem ... meu caminhar é persistente.
Meus passos cadenciados,conto com acidentes domésticos ... e ciência de minhas limitações,dos desgastes pela idade.
Não condeno passos alheios,vezes,lamento por suas direções.
CADA UM SABE DE SUA ESTRADA!!!!
RESPONSABILIDADES E CONSEQUÊNCIAS,IDEM!

*E que cada um,cuide de seu pé,com ou sem chulé!!!!
( Só pra um rimar,divertido.)
Falei demais,hora de nanar e cumprir repouso.
Fuiiiiiiiiiiiiiiiiii ...

Tata Junq


Sem comentários: