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Sentaaa...que lá vem estória!
E ela colecionava o quê?
Algumas latinhas,sem consentimento da mãe.
(Que levava aos postos de vendas junto dos papelões e garrafas pets.... e o escambal!)
E dentro delas,sonhos.
No escuro da madrugada,elas "conversavam" ... como num Teatro de Sombras.
E riam,enquanto a barriga doía de fome.
Esperaria por um naco de pão,que sua mãe traria pela manhã.
Uma delas,ficava estática,com seu lápis gasto,uma borrachinha quebrada.
Em cima dum livro,que também achou num lixão.
Saber ler,não sabia ... mas viajava nas ilustrações.
E,criava sua própria estória.
Desenhou,na tábua do barraco,um pão e uma flor.
E regava seus sonhos,assim como a flor... e abocanhava seu pão,bem de levezinho,pra não acabar.
Cresceu,sem chances.
E se pensam que o relato,vira,magicalmente,feliz ...
Enganam-se.
Não se tornou desenhista,nem artista ...
Mal lê.
Tem fome ... mora nas ruas.
Já frequentou reformatórios.
Ahhhh ... nas latinhas,cheira cola.
Vezes vai a um abrigo ... quando a fome a consome,a ponto de desmaios.
Mas fome,quase não tem ... as "pedras",tiram-na da realidade,provisória.
Prostitui-se.
Bom ... daquelas latinhas,sem tampas ... os sonhos caíram ao chão ...escapuliram,assim como seus risos infantis.
Tem dentes ainda,desgastados ... corroídos pelo crack...
Um sorriso amargo,amarelado.
E eu me pergunto,até quando resistirá,nesta precariedade ...
??????? ...
E penso nas crianças ... e seus "sonhos de latas"!!!!
Tata Junq
#quandocriarfazpartedarealidade
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