( Imagem por pesquisa./ Google. )
Quando me vi distante,lancei meu olhar para trás.
E, tudo pareceu tão pequeno ... a casa,o portão aberto,o cachorro,as flores das jardineiras...
O suor cobria minha testa.
As lágrimas lavavam meu rosto.
A maleta pesava demais, os passos pesavam também.
A alma queria não ter pesos, mas pesava também.
Desistir,nem pensar.
O choro da mãe,soava ainda aos meus ouvidos ... mas me abençoou.
Pai,não quis prosa.
( Não era muito de falar.)
Mas seus olhares revelavam uma tristeza,funda.
Eu queria virar gente,sair daquele lugar sem futuro.
Não queria tantos calos,qual eles ... nem mudezas,diante da fome.
Eu queria ser gente.
E fui na certeza.
Gente que sofreu,talvez mais ainda,do que quando comia pão estorricado,banhado nas lágrimas,gritando,fome.
Tenho calos na alma.
Em minha varanda,acomodado,vejo pai,mãe,nada acabrunhados,ou sem jeito,conversando com os netos ...
E sorriem.
Contam todos causos ... principalmente de minhas peripécias infantis.
E sorrio de longe ao vê-los,e por tê-los.
Daquele tempo,só restou saudade do cão fiel, o Dengoso.
A morte o levou.
Soube,depois,que havia sido picado por cobra,defendendo meu velho pai.
Fiel.
E lá vem o cafezinho e todas as guloseimas da tarde ... o bolo,quem fez foi a mãe,não perdeu a mão ... lembro-me do bolo miúdo,que me fez,aos 6 anos.
Sabia do sacrifício deles,pra comprar qualquer coisa.
Mas eu queria um bolo,sonhava com um,como o da Dora,minha prima.
Não teve velas ... mas avidez pra abocanhar o primeiro pedaço. Era da mandioca da terra,cultivada por pai.
Vendia o que plantava ... e era tão pouco ...
Cansava-se muito, mas nunca deixou de me acompanhar até a escola.
E também me buscar.
Era um ritual sagrado.
Dizia-me:
- Um dia,será um doutor!
Quando adolesci,deixou-me na responsabilidade do ir e vir.
Sua premonição foi certeira.
Criei pernas,asas ...
Sofri,ralei,servi ...
E estudei ...
Ahhhh.... enfiava a cara nos livros e aprendia o Direito ...ia mesmo ser Doutor.
Quanto tempo ... passou ...
Agradecido por minha origem humilde,mas firme na minha formação.
Que juízo faz esse Juiz aqui agora?
Meu sorriso é grande.
Que orgulho tange meu peito e gratidão a meus pais!
Feliz por tê-los ainda comigo.
Imensurável,minha alegria de agora.
Imensurável!
Dr José Luiz Freitas
( Uma Alma Masculina / Nome fictício.)
Do Projeto, Uma Alma Masculina. / Por, tata Junq.)
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