sábado, 12 de janeiro de 2013

Diário de um ser, sem ser verdadeiro.( Projeto:Relatos.)






12 de Novembro de 1999.

No canto da sala, a mala, transbordante de sonhos, roupas ...

O taxi chega, ela parte.
Entre lágrimas e sorrisos, misto de um não sei o quê, parte.
E antevejo o avião partindo ... rumo destinado e belo : Itália!
Ahhh ... Roma que reverei através de seus olhos ...olhos ávidos da mocidade!
Os meus relutam em estarem abertos, mesmo na parcial cegueira.
Meus ossos doem, minha vida está por um fio ...e já faz tempo.
Reluto no tempo, contra o tempo.
Às vezes penso que estou desgastadamente impotente até pra sonhar.
E sonho, mesmo assim ... com minhas viagens, tão especiais ...as de negócios, as de aventuras ...
Dei-lhe a liberdade!
Ela conhece a verdade.
Em breve farei minha última viagem ...
A noite chega, a manhã, não sei se a verei ... peço meu chá ... logo aplicarão a injeção ...e eu dormirei, a tranquilidade do sonífero, costumeiro ... até a dor gritar novamente.
Viajarei agora, pra onde?
Não sei!
Fiquei só, entre gente, competente, a me cuidar.
Estou cansado dos olhares penalizados ... e mesmo assim, sorrio.
Estou cansado ...


***

13 de novembro de 1999

Amanheceu ... a claridade teima em entrar pelas janelas, deste meu amplo quarto.

Já escuto o vai-vem dos empregados ...
Maria entrará com passos firmes, já querendo meu despertar ... hoje ela terá uma surpresa, estou já a escrever.
Eficiente, a Maria!
Vezes carrancuda, está a envelhecer.
Eu envelheci!E chego a pensar que sou eterno, nos meus 93 anos.
Eterno?
Eterna é minha Coimbra ...


Tata Junq

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