Saí do baú. Espreguiço-me, lentamente, e espreito a vida lá fora.
Fôra o tempo inútil?
Saio calmamente, sem ruídos para anunciar a entrega ao mundo.
Quem me verá?
Quero ser invisível, caminhar na orla ... olhar o mar e sair do mar-de-mim, salgado, profundo, silencioso.
Bom sentir o cheiro que exala do entardecer.
Bom sentir este vento-morno que acorda minha pele.
Bom andar na areia, ainda morna ... sentir as ondas procurarem meus pés ... perdidos, fugidios, como minh'alma.
O Sol perde-se no horizonte ... está indo embora. Um espetáculo imperdível.Meu olhar perde-se nele e meus pensamentos também.
Continuo a andar, sou pegadas de mim, sulcos marcados na areia, apagadas pelas águas calmas.
Não sou então.
Ainda não estou pronta.
Entardece, entardeço, somente entardeço.
(Alma Feminina)
Tata Junq
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