sábado, 12 de março de 2011

Conjecturas .... Pensamentando!




São apenas, quarenta e cinco minutos, passados das vinte e umas horas, do dia de hoje,12, um sábado de março.

Olho pra tela ... e um cansaço pesado toma conta de mim.

Interessante ... já não sou a mesma.
Sou eu mesma?

Já conversei um pouco com amigos ... e avaliamos a vida, nossas ...de outrem ...

E o tempo passa ligeiro, para todos ... E há faltas ... e há débitos, e há constatações de repúdios de fatos e falta de atos ...

Somos assim, humanos ... terrivelmente humanos. Terrivelmente cobradores.

Cobro-me hoje sonhos, idealizações ... "de repente, não mais que de repente" ...como diria o poeta, Vinícius,eles sumiram, como num passe de mágica!

Cansaços!
Faltam projetos ...
Cresci ou morri?

Hoje segurei nas mãos de um homem demente ... e parecia-me tão são, no seu declínio, no seu corpo judiado e também cansado.

Eu o vi chorar, sorrir, cantar umas linhas de música, perder a sequência, tentar no esforço o resgate da memória musical ...tropeçar nas palavras, balbuciar palavras tão auditivamente comprometidas ...quase inaudíveis ...
E sorri docemente a ele ... tempo segurei suas mãos ... e tão pouco foi aquela doação ...
Ele olhava-me, sorria docemente ...para depois logo em seguida, adormecer novamente.

Morri?
Morro?
Morre?

Morremos, um tempo, no tempo
disponível que nos resta!

E penso e repenso ...na vida , na morte, no tempo, nas pessoas, nos atos, nos fatos, nas faltas de  ações, nos desejos de realizações, e ou, na falta delas ...

Hoje paro ... aquieto-me... sem pressa, sem jeito, sem nada querer.

Sem nada projetar...sem desejos ...sem quereres ...

Quem sou eu, neste exato momento?

Olho a vida e a morte!
Espio-as!
Não me comprometo!

Que quero? Que almejo?
Nada!

Neste exato momento: NADA!
Só enrolo-me em cansaços!

Só consumo pensamentos ... que hoje sequer voam ao alcance das pessoas ... reviram-se, nadam de costas ...voltam sem repercussões ...
Redemoinham-se na minha mente cansada ...

Hoje ... eu estive abraçada na realidade do sofrimento humano... talvez, no limite humano.

Sorri, num momento triste, doído, diante de um convalido.
Sorri de amor!
E, agora choro em dor!
Sei que ele sequer tem noção de seus limites....
Na demência, sorrisos!
Na demência, lágrimas!
Sem noções ...

Noções, as minhas  ... de agora!

Cansaços!

Sem sorrisos, meus habituais ...

Sem  direitos às lágrimas ...

Quero somente o registro daquele olhar,doce ,que sorriu pra minha alma.

Há na demência, frutos de amor ...que os lúcidos sequer nos emprestam, nem como favor!

Há uma tristeza agora ... e cansaço!

Nego-me a resgatar qualquer sonho!
Nada de probabilidades!
Nada de nada!

Sem traumas ou dramas!

Somente constatações e cansaço!

Cansaços: físicos e emocionais, mais precisamente.

Hoje, abracei um doente!

Hoje estou doente!

Hoje estou ainda: amor!

Teimo em ser, amor!

Somente isso sei!

Sou amor, mesmo no cansaço, estagnada de desejos.

Estranha sensação!

Sei que aos poucos, morro.
A cada dia, morro um tempo.

Que nos resta?
Que me resta?

Nada a sonhar, agora!

Imprevisível qualquer ato ou fato.

Isto é  a vida!

VIDA: tempo que morre a cada segundo!

 Hibernando em pensamentos, por hora represados.

Vou dormir!

Tata Junq



**** Ahhhh ...num deixaria de mencionar o texto poético de Vinícius de Morais, que é lindíssimo!



 


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente



Soneto Da Separação



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