segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Do Projeto,Ama Feminina,RELATO.



                              (Imagem recebida,desconheço autoria.)
Fernando percorreu o corredor,apressadamente.
Trancou-se em seu quarto.
Um silêncio absurdo se fez,depois da batida de porta.
Subira a escada,como se amassasse cacau,pesadamente.
Sua mãe acompanhou-o com olhar curioso e surpreso.
Nem um boa tarde.Nem um cruzar de olhar.
Rosto fechado,pálido.
Sequer deu tempo para perguntar-lhe alguma coisa.
Esperou ao pé da escada,intrigada.
Nada ouvia ... nem sequer uma sílaba.
Resolveu subir e interferir.
Mal chegou no topo da escada,ouviu um estampido.
Suas pernas bambearam... tentou abrir a porta,trancada.
Chamou,gritou em desespero.
A vizinhança ouve ... Sr Eugênio é o primeiro a chegar ao portão...
Um corre-corre avolumou-se na tentativa de arrombamento da porta.
Polícia acionada,bombeiros...
Mediante falta de respostas ... a mãe entra em choque.
- Fatalidade!
- Absurdo!
- Meu Deus!
- Minha Nossa Senhora da Aparecida!
- Que deu no menino?
- Deus meu, Maria não merece isto!
Rumores expressivos,avolumaram-se também.
Rodrigo fora criado por ela,desde seus três anos,era o filho d'alma.
Crescera aqui no bairro do Belém.
Era observador,vezes meio esquisito,mas gentil,amoroso.
Resumo da ópera,deixara um breve bilhete,escrito no dia anterior a Sonia,e tão somente.
" Não posso viver sem você ...não posso,não posso ...carregue para o resto de sua vida,minha dor.
E,carregue como cruz,a falta da minha.
Agonize!Arraste-se,como eu,mendigando compreensão,amor.
Nem eu,nem ele.
Já o matei também."
A vida corre,fluxo natural.
A casa hoje é vazia.
Ninguém quer lá morar.
Não se vende,não se aluga. Maria,foi para o interior de São Paulo,morar com uma irmã.
Dizem que pouco conversa e que vive de olhar perdido no nada.
Sonia?
Mudou-se do bairro também.
A família não deixou vestígios.
A família do ele,Marco Antonio,permanece.
Olho de minha janela,o jardim da casa de Maria,em abandono.Costumava ser tão lindo,nas Primaveras.
Só há uma roseira que teima em viver,mostrando-me que se a Natureza resiste às agruras,o ser humano,também.
Meus pensamentos correram inversos,no tempo.
Lembrei-me de Rodrigo,tão miúdo e doente,chegando aos braços de Maria.
O amor a ele,nunca fora suficiente.
O abandono o aniquilou.
Olho para as rosas ...e, dá-me uma tristeza funda.
Que estará fazendo por hora,minha querida amiga,Maria?
Fecho os olhos.
E,ainda posso ver,o mar-de-sangue,naquele quarto.
Nada somos,mesmo.
(Impotentes,diante da morte.)
O tempo mudou,venta muito,vai chover.
Sorte das rosas.
Do Carmo
( Uma Alma Feminina. Do Projeto,ALMA FEMININA.)

Tata Junq

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