quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Conto: A Morena.

                                     ( Vídeo representativo,procurado ...som de uma barca.)

Conto: A Morena.

Quando a poesia virou prosa,ou a prosa virou poesia,a alma atravessou o deserto e mergulhou no mar.
O Mar-do-pensamento virou nuvem de algodão,doce,doce,como o encanto da morena-jambo,lavando roupas,cantarolando um baião.
A água fervia no fogo-brasa,prum café,que seria reforçado. O pão em mel,ainda quente sobre a mesa.
Eles viriam,chegariam do Rio Pequeno e vinham via mar.
As redes já estavam esticadas para o repouso.
Carmelo José chegaria com sua fala mansa e cheio de dengos.
Ela?
Debulharia lágrimas de felicidade,tal qual milho especial,guardado. E,certamente teria braços para abraço. E beijo quente na boca sedenta de amor.
Cantarolava feliz,sem sanfoneiro,no ritmo do embola,rola.
Ele chegaria.
Preparava o melhor sorriso,quando ouviu o som da barca,aquele apito que alegrava a todos. Estavam chegando.
Largou as roupas,azeitou as pernas e correu para o ancoradouro.
E desce um,desce dois,desce dez.
Onde estava ele?
Nada.
A barca retomou o mar.
Ela não entendia o porquê.
Chorou copiosamente,como se a ceifar o seco chão.
Seu cão Zicau,fez-lhe companhia,deitando sobre seus pés.
( Nem me perguntem o porquê deste nome,complexo.Não saberia explicar.)
Olhares perdidos,dela e do cão.
Amarelaram,chocados.
Ela deixou de cantar e ser graciosa.
Quando a barca atraca,ela olha sem esperanças,olhos vidrados,sem rumo.
Nunca soube dele.
Morto?
Vivo?
Desapareceu.
Com ele,o viço da morena-prosa,da cor jambo,sabor mel ... tornou-se amarga,qual fel.
A barca,vem e vai ...
E seu apito,assemelha-se a seus ais,longos ais.
Longos,longos,longos,-ais.

Tata Junq

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