quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Do Projeto,Crônicas Esparsas,ELA.


                                ( Imagem de Galeria Arte,do Google.)

Ela, cansada,sentou-se na calçada.
Nada a dever ao mundo,às pessoas,que lançavam olhares curiosos e
pensamentos prejulgadores.
Tirou as sandálias,sentiu o frio chão da manhã.
E frio era o seu olhar,devolvido às pessoas.
Levantou-se com alguma dificuldade,e caminhou lentamente,caindo pouco a pouco no abismo de seus tormentos.
Viu com alguma dificuldade os faróis,próximos.
( Uma manhã nebulosa.)
E jogou-se.
Jogou sua vida,debaixo dos pneus,que aquaplanaram ... e,não foram freados.
Seu corpo subiu no impacto,às alturas.
Frações de segundos,e o nada.
Foi de vez.
Imagino que já havia morrido,muito antes.
Seu olhar,fora frio e distante.Alheio a tudo e todos.
Sua alma,por antecipação,já havia sido esticada no asfalto.
Somente voou por alguns segundos,como pássaro ferido,tentando a liberdade.-mórbida,semi-consciente.
Eu vi,seu corpo coberto,à espera de recolhimento.
Quem era?
Uma vítima de si?
Uma vítima do meio?
Uma vítima ... suponho,carente de amor.
Na manhã fria,eu vi,uma mulher no asfalto.
Seu corpo marcado.
Sua alma marcada.
Seu espírito,liberto?
Minhas pernas bambeiam ainda ... parada,não consigo sair do lugar.
Em segundos,vi e constatei a vida-marcada,num ato.
Penso no poder que emana de nossos conscientes e inconscientes ... que escapa num ato.
E meu lamento,explode meu peito.
Meus olhos,ainda incrédulos,choram por uma criatura,sem julgamentos.

Tata Junq

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