quinta-feira, 24 de março de 2016

Do Projeto,Alma Masculina : Maldita Cigana!Maldito eu!

Resultado de imagem para Pião rodando numa mão masculina
( Imagem por pesquisa / Google.)

Na palma da mão o pião,dos velhos tempos de moleque.
E roda e roda e roda ...
Fieira no chão.
Riscos na mão,profundos.
A linha do tempo.
Num dia,que nem me lembro quando,aquela mulher com ar de mistério veio até mim.
E pediu pra ler minha mão,tocando-a.
Seu olhar era duro,impoluto,como se fosse a dona da verdade,absoluta.
Incomodou-me o atrevimento. Mas a curiosidade falou mais alto.
Estiquei a mão como num ato de bravura,mostrando que não tinha medo.
Maldita hora!
Revelou-me coisas do passado e do futuro.
Falou-me da mulher,que acabaria com o meu sossego.
Que viveria uma paixão incontrolável,e seria abandonado.
Carregaria tal tormento.
(O destino,dizia.Era claro.)
Quando Dulce,naquela manhã,fatídica,falou de seu novo amor e que ia embora ...
perdi rumo,cabeça,controle.
Antes dela abrir a porta,atirei,pra não errar.
Cumpri longa pena.
Voltei à casa,que fora de meus pais,em abandono.
E vasculhei espaços ... sujos.
Ali ficaria.
Fincaria minha alma suja,minhas mãos ainda vibravam sangue.
Paguei caro.
E,quando vi,na caixa de brinquedos,que minha mãe conservou,o pião ...
Ahhhh...sem dúvidas o fiz girar.
Ele fazia vincos,em minha mão,como se aprofundasse as minhas feridas.
E na calha-do-tempo,vi minha dor eclodir.
Maldita Cigana!
Maldito eu!
Bendita,Dulce que virou "Santa" no Céu!
A linha da mão tem começo,meio e fim.
Cheguei ao fim?
Pião foi ao chão e ainda rodopiou,rodopiou ... impedindo meus passos.
Limite.
Dei conta da minha liberdade,perdida pra sempre.

Uma Alma Masculina.
( Orlando Maciel de Alcântara.)

Por Tata Junq // Projeto Alma Masculina.

"Ouve o meu silêncio"? Repensando o meu pensar.


“Ouve-me. Ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa. Capta a "outra coisa" porque eu mesma não posso.” 
[Água viva - página 35]
―Clarice Lispector


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 Vezes,nosso silêncio é confesso ...e na quietude,procuramo-nos.
O encontro basta,a quem de direito.
Palavras ao mundo,por quê?
Palavras,vezes são ciladas.
Vezes,algozes.
Vezes,insensatas.
Vezes,tão verdadeiras,e não compreendidas.
Vezes,tão disfarces.
Vezes,tão carinho.
Vezes,tão sem nexo.
Vezes,inventadas...
Vezes,tão caladas.
Calo-me.
Falo.
Esbravejo,quando não deveria.
Emudeço.
Pensamentos falam,mesmo assim ...o tempo todo.
No silêncio,sou inteira,sem comer pelas beiradas,em medidas necessárias.
Há segredos.
Quem não os tem?
Bom dia,com revisão d'alma.
E,pensamentos escondidos,não ao acaso.

Tata Junq