segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Prosopoetando & Musicando & Cantarolando a vida... Minha voz.



A minha voz navegou rio,chegou no mar.    
Buscou profundeza,     
calou.    
Não ecoou.    
Ao emergir,virou espuma,    
idas e vindas,sequenciais,    
pousou na areia fria,    
marcadas pela solidão,     
na estranheza de uma canção,    
na ventania,que se apossou meu coração.  
A boca fez gemido,murmúrio,cativo.
O olhar perdeu-se no trilho marcado,   
de uma vez,dourado,na quentura de um verão.
Sendo assim,delineado,    
o final,que se bastou,espelho.   
Sem reflexos.   
Cego.    
Sem sereia.  
Sem barco.    
Sem ser,sendo morte.   
Âncora profunda,adentrou às águas,    
afogou todos sonhos vãos.    
A boca fez sorriso,das tolices do coração!   
Cantarolando,    
serenei o coração.   

Tata Junq



Do Projeto,Ama Feminina,RELATO.



                              (Imagem recebida,desconheço autoria.)
Fernando percorreu o corredor,apressadamente.
Trancou-se em seu quarto.
Um silêncio absurdo se fez,depois da batida de porta.
Subira a escada,como se amassasse cacau,pesadamente.
Sua mãe acompanhou-o com olhar curioso e surpreso.
Nem um boa tarde.Nem um cruzar de olhar.
Rosto fechado,pálido.
Sequer deu tempo para perguntar-lhe alguma coisa.
Esperou ao pé da escada,intrigada.
Nada ouvia ... nem sequer uma sílaba.
Resolveu subir e interferir.
Mal chegou no topo da escada,ouviu um estampido.
Suas pernas bambearam... tentou abrir a porta,trancada.
Chamou,gritou em desespero.
A vizinhança ouve ... Sr Eugênio é o primeiro a chegar ao portão...
Um corre-corre avolumou-se na tentativa de arrombamento da porta.
Polícia acionada,bombeiros...
Mediante falta de respostas ... a mãe entra em choque.
- Fatalidade!
- Absurdo!
- Meu Deus!
- Minha Nossa Senhora da Aparecida!
- Que deu no menino?
- Deus meu, Maria não merece isto!
Rumores expressivos,avolumaram-se também.
Rodrigo fora criado por ela,desde seus três anos,era o filho d'alma.
Crescera aqui no bairro do Belém.
Era observador,vezes meio esquisito,mas gentil,amoroso.
Resumo da ópera,deixara um breve bilhete,escrito no dia anterior a Sonia,e tão somente.
" Não posso viver sem você ...não posso,não posso ...carregue para o resto de sua vida,minha dor.
E,carregue como cruz,a falta da minha.
Agonize!Arraste-se,como eu,mendigando compreensão,amor.
Nem eu,nem ele.
Já o matei também."
A vida corre,fluxo natural.
A casa hoje é vazia.
Ninguém quer lá morar.
Não se vende,não se aluga. Maria,foi para o interior de São Paulo,morar com uma irmã.
Dizem que pouco conversa e que vive de olhar perdido no nada.
Sonia?
Mudou-se do bairro também.
A família não deixou vestígios.
A família do ele,Marco Antonio,permanece.
Olho de minha janela,o jardim da casa de Maria,em abandono.Costumava ser tão lindo,nas Primaveras.
Só há uma roseira que teima em viver,mostrando-me que se a Natureza resiste às agruras,o ser humano,também.
Meus pensamentos correram inversos,no tempo.
Lembrei-me de Rodrigo,tão miúdo e doente,chegando aos braços de Maria.
O amor a ele,nunca fora suficiente.
O abandono o aniquilou.
Olho para as rosas ...e, dá-me uma tristeza funda.
Que estará fazendo por hora,minha querida amiga,Maria?
Fecho os olhos.
E,ainda posso ver,o mar-de-sangue,naquele quarto.
Nada somos,mesmo.
(Impotentes,diante da morte.)
O tempo mudou,venta muito,vai chover.
Sorte das rosas.
Do Carmo
( Uma Alma Feminina. Do Projeto,ALMA FEMININA.)

Tata Junq

Incontestável,creio.


A NATUREZA NÃO DITA NORMAS,É-NOS EXEMPLOS.
Estamos cada vez mais distantes dos núcleos naturais.Fazemos parte dos centros urbanos,
que crescendo,adentrando a espaços físicos,disputados,adquiridos,comprados ... aniquila cada vez mais a Natureza,que de alguma forma foi desrespeitada,aniquilada,reduzida a jardins,parques diminutos.
O CONCRETO,não respira.
 Árvores centenárias,mal cuidadas,ocas,carregadas de cupins, caem de cá e de lá.
Minha cidade,tão mal planejada,cospe irresponsabilidades governamentais e populares.
Consciências,de poucos... atitudes de uns,buscas de outros,não bastante, para fazer diferenças.
E a vida pulsa,frenética.
As pessoas estressadas,vão e vem,vão e vem ...
Vezes sequer enxergam outros seres que cruzaram seus caminhos,que caminharam a seus lados.
Primavera,estação de encantos florais ...
Quem os vê?
Há tempo para?
Sampa respira pó,secura ... há racionamentos de águas.
Onde chegamos? 
Onde chegaremos?
 Não chegaremos?
Minha pinceladinha na tela dos pensamentos ... 
Tanto a dizer,questionar,aprofundar ... mas prefiro deixar a ilustração,a visualização 
da imagem flagrada,que desconheço autoria.
Esta avezinha,choca,na certeza seus ovos ... ainda podemos visualizar um ninho,
em meio a um capinzal.
( Creio ser.)
As aves adaptam-se também ...
Esta, vigia,cuida.
Nós?
Cuidamos também da sobrevivência,vezes sem vigilâncias,espiando o Mundo
 morrer aos pedaços,aos poucos ...

Tata Junq